quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Brasil 1950

A mãe de todas as derrotas: Sob 200 mil olhares, Brasil sofre sua mais dura derrota

O Brasil tinha certeza de que seria campeão do mundo. Ela estava nas ruas, nas casas, nos bares. Estava na mente de cada torcedor. Estava nos dirigentes, na comissão técnica, nos jogadores. Só não estava na garra de Obdulio Varela e nos chutes certeiros de Schiaffino e Ghiggia.
A confiança no título nascera quatro anos antes, quando foi definido que o Brasil seria a sede do Mundial. Para isso, os dirigentes resolveram erguer no Rio de Janeiro o estádio do Maracanã, o maior do mundo, palco perfeito para a conquista histórica.
E foi no Maracanã, no dia 25 de junho, que a seleção brasileira fez a sua estreia - o México não ofereceu resistência e foi derrotado por 4 a 0. No dia 28, o Brasil enfrentou a Suíça no Pacaembu, em São Paulo. Para agradar a torcida paulista, o técnico Flávio Costa trocou todo o meio-campo. A seleção jogou mal, empatou em 2 a 2 e saiu de campo vaiada.
O resultado deixou o Brasil em situação complicada no Grupo 1. Para avançar ao quadrangular final, a seleção precisaria vencer a Iugoslávia, que vinha de duas vitórias (3 a 0 na Suíça e 4 a 1 no México). O jogo aconteceu no Maracanã, no dia 1º de julho. Mais de 140 mil pessoas viram o Brasil ganhar por 2 a 0 e se classificar para a fase final.
As quatro equipes finalistas tiveram uma semana de descanso. O primeiro adversário do Brasil no quadrangular foi a Suécia, no Maracanã. Em tarde inspiradíssima de Ademir, autor de quatro gols, o Brasil goleou os suecos por 7 a 1.
Quatro dias depois, 150 mil pessoas foram ao Maracanã assistir ao duelo com a Espanha, que na primeira rodada do quadrangular havia empatado em 2 a 2 com o Uruguai. O Brasil começou arrasador e, após 31 minutos, já vencia por 3 a 0, com um gol de Ademir e dois de Chico.
No segundo tempo, mais massacre. Ademir e Zizinho (duas vezes) marcaram para o Brasil, enquanto Igoa descontou para a Espanha. O 6 a 1 foi completado pela enlouquecida torcida, que cantou em coro a marcha carnavalesca "Touradas em Madri", de Alberto Ribeiro e Braguinha.
E o Brasil só não foi campeão por antecipação porque o Uruguai derrotou a Suécia por 3 a 2, de virada, com dois gols marcados nos últimos 15 minutos. Foi nesse clima de "já ganhou" que mais de 200 mil pessoas foram ao estádio do Maracanã na tarde de 16 de julho.
O Brasil precisava só do empate para ficar com o título e partiu com tudo para cima da seleção uruguaia. O primeiro tempo ficou no 0 a 0. No segundo, a certeza do título aumentou após o gol do brasileiro Friaça, aos 2min.
Entretanto, o que era para ser o começo da festa se transformou no princípio da tragédia. O Brasil partiu ainda mais para o ataque e deixou a defesa desguarnecida. Aos 21min, Ghiggia bateu Bigode na corrida e tocou para Schiaffino empatar a partida.
Animado com o gol, o Uruguai se lançou ao ataque e conseguiu o que parecia impossível: derrotar o Brasil. Aos 34min, Ghiggia superou novamente Bigode e entrou na área para chutar à esquerda de Barbosa. O goleiro do Vasco saltou, mas não conseguiu agarrar a bola, que morreu no fundo da rede.
O gol acabou com a empolgação da torcida brasileira, que viu o Uruguai segurar o jogo nos minutos restantes para ficar com o título de campeão mundial pela segunda vez. O episódio entrou para a história como "Maracanazo", uma das maiores zebras de todos os tempos.

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